Afinal, por que adoecemos?

Afinal, por que adoecemos?

Desde o início dos tempos o ser humano convive com a fragilidade da sua própria existência e, exposto a esta condição, reconhece sua invulnerabilidade diante da vida. Vista aqui como a ausência da saúde ou seu próprio desequilíbrio, a doença sempre causou medo e apreensão no ser humano, uma vez que representa o sofrimento, condição a qual ele sempre prefere evitar. 

Na antiguidade clássica, Sócrates, o maior filósofo de seu tempo, declarou que “Se alguém procura a saúde, pergunta-lhe primeiro se está disposto a evitar no futuro, as causas da doença; em caso contrário, abstém-te de o ajudar.” Sócrates viveu em 469 a.C., e mesmo levando em consideração as condições precárias de saúde em sua época, já nos fornece uma pista muito importante: as causas da doença estão inseridas em um contexto muito mais amplo.

Não só os ocidentais, mas também os orientais tinham pensamentos semelhantes. Os hindus, por exemplo, acreditavam nas leis do Dharma e do Karma e entendiam como ninguém como funcionava esse mecanismo. O Dharma, sendo concebido como a Lei Universal – a harmonia, a natureza, Deus – , e o Karma como a aplicação desta Lei, já dá ao homem moderno uma visão bastante abrangente sobre o que significa estar em desequilíbrio com a Lei Universal ou com a própria natureza, por assim dizer. 

A ciência, por sua vez, também não está totalmente afastada deste conceito. Há muito tempo já trabalha com a Lei de “Causa e Efeito”, que significa que “a toda causa corresponde um efeito inverso de igual intensidade”. Isso explicaria uma série de fenômenos presentes em nossos dias e em nós mesmos. Os hindus, porém, foram mais adiante e reconheceram esta lei da causalidade nos campos mais sutis do homem e não somente no campo físico. O homem então não seria composto apenas por seu corpo biológico, mas de outros campos que estariam diretamente ligados ao corpo e interferindo em seu bom ou mal funcionamento. 

Portanto, segundo esta linha de pensamento, tudo que estiver em desarmonia com a Lei Universal , com a natureza ou com o próprio ser – ou com o Cosmos, como preferiam os filósofos clássicos –, será fonte de sofrimento e dor, mesmo que esta condição se manifeste fisicamente para corrigir o próprio desequilíbrio ou para nos avisar de que algo não está em perfeita sintonia. 

Corpo, mente e espírito

Sabemos que existem condições fisiológicas que determinam a doença, mas se fomos criados saudáveis, crescendo e nos desenvolvendo em condições favoráveis à saúde, por que em dado momento começamos a apresentar quadros de adoecimento através de vírus, bactérias ou mesmo de outras anomalias? Poderíamos dizer que seria mera causalidade ou na verdade foi algo em nós que se modificou sem nos darmos conta? Pesquisas e estudos no mundo inteiro apontam para a segunda hipótese: não percebemos os primeiros indícios porque não sabemos escutar a nós próprios e só prestamos atenção quando nosso corpo já está doente. 

Quantas vezes buscamos um médico para aliviar um desconforto que não conseguimos explicar e mesmo o médico também não consegue identificar o problema? Pacientes geralmente se queixam de algo que não é uma dor, mas uma sensação de desarmonia que não sabem definir. É um aviso de que algo não vai bem em níveis mais sutis.

Este aviso é o que chamamos de sintoma, que nada mais é do que um recurso desenvolvido pelo organismo para prevenir consequências mais graves ou fatais.

Mas é somente quando os exames laboratoriais indicam que nada está fora do normal é que notamos que os sintomas desta desarmonia começam a aparecer. Neste momento temos a pista de que algo mais profundo deve ser buscado na intimidade do nosso ser, em nosso psiquismo, pesquisando sentimentos e frustrações, pois é exatamente aí que se esconde o início de todo desequilíbrio que gera o adoecimento. 

Um novo conceito de saúde

Em janeiro de 1998, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu que “saúde é um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”. Assim passamos a entender que o homem é um ser social que possui um corpo físico, mental e espiritual e este entendimento é fundamental para compreender porque adoecemos. Encontrar este equilíbrio é o grande desafio que todos nós enfrentamos.

A nova medicina já considera que a enfermidade física pode ter origens não só em hábitos nocivos de vida como também na forma como nos posicionamos diante dela. Sentimentos e atitudes negativas, assim como pensamentos de baixa autoestima, podem desencadear uma série de desordens que vão se manifestar no corpo físico mais cedo ou mais tarde. Ao contrário, sentimentos e atitudes positivos geram enormes benefícios e qualidade de vida. Se nossos valores definem nosso comportamento, e nosso comportamento define nossa personalidade, tudo isso precisa estar em harmonia para termos uma vida saudável e plena.

Portanto, enquanto o indivíduo não buscar o caminho do autoconhecimento e passar a cuidar também do que acontece em outros campos de sua existência, estará mais sujeito a adoecer. A partir do momento que nos concebemos como sendo corpo, mente e espírito torna-se fundamental uma mudança na postura de vida para ter uma vida mais plena e feliz.

 

 

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